CARREGANDO

Busca

E o Mercosul, 30 anos depois?

Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai celebram em 2021 os 30 anos da criação do Mercado Comum do Sul, o Mercosul, que juntou os quatro países em uma união aduaneira e de livre-comércio. É para comemorar? Bem, era para ser um ano de festa, mas problemas como estabilidade econômica e ainda tratar o Mercosul como algo politizado dão ao acordo um futuro incerto.
Os anos de glória do Mercosul fazem parte de um passado distante. O comércio entre os países cresceu 500% de 1991 até 2000, quando houve crise cambial no Brasil e uma enorme crise econômica na Argentina. Ou seja, nos últimos 20 anos o Mercosul esteve em relativa estagnação.
Na visão do gerente de Políticas de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabrizio Panzini, o bloco não pode ser acusado de uma culpa que não tem. Diz ele que o Mercosul tem problemas de estabilidade econômica, que é a chave para o crescimento. Panzini ressalta que, apesar de o Mercosul ter perdido destaque no comércio exterior brasileiro nos últimos anos, a pauta de exportação para os países do bloco é mais variada do que para a China, o principal parceiro comercial do Brasil. Os produtos vendidos para os parceiros sul-americanos têm valor agregado mais alto, que gera mais empregos e pagamento de tributos no Brasil.
Para o Brasil, o Mercosul não é uma prioridade, palavras do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda mais após a posse de Alberto Fernández no governo da segunda maior economia do grupo, a Argentina, com uma política econômica oposta. O Brasil, aliás, apresentou sua proposta ao grupo: reduzir em 10% a tarifa externa comum (TEC), cobrada no comércio com nações de fora do bloco, e permitir negociações individuais com outros países. A regra hoje é que a negociação de tarifa só pode ser feita em conjunto. O Uruguai concordou e o Paraguai, em termos. Aceitou a redução da TEC para 96% dos produtos, o que deixaria 4% de fora, e foi contra a flexibilização nas negociações de acordos.
A Argentina, porém, vetou as duas propostas e sugeriu a redução da TEC em 10,5% para apenas alguns produtos, basicamente insumos. Sem consenso, uma nova reunião deve ocorrer novamente em maio.

Bom final de semana

Julmei Carminatti

Últimas colunas