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Quem não recorda da famosa Fórmula de Bhaskara?? Até hoje motivo de piada, no sentido mais divertido da crítica à educação regular. São muitos memes que indicam que nada se faz com essa bendita fórmula que tanto nos desafiava.
Todo o ano eleitoral ouvimos sobre a importância e relevância da educação, mas apesar de os professores se esforçarem, a estrutura educacional se mantém intacta: quadro, carteira; professor, aluno; ensina, aprende. Será que isso é suficiente para esse novo mundo? Creio que não.
Há algum tempo se fala em um mundo mais colaborativo e compartilhado. Cada vez menos as pessoas querem ter posses e cada vez mais querem viver experiências. Os jovens de 18 anos já não almejam um veículo para chamar de seu, posto que podem se locomover facilmente com app, bicicleta, patinetes elétricos e outras formas simples e sustentáveis. Não é hora da escola pensar nesse novo mundo também? Será que não é hora de alterar a estrutura do ensino para aproximá-lo do real?
Jamais defenderia que fossem abolidas quaisquer disciplinas. Nunca usei a Fórmula de Bhaskara, mas sei que ela auxiliou na construção do meu raciocínio. O que acredito é na alteração da forma de ensinar, bem como no acréscimo de conteúdos fundamentais para crianças e adolescentes.
Eu que sofria demais em aprender matemática, penso que teria sido mais fácil se eu tivesse aprendido a calcular o volume dos corpos, com os corpos em mãos. Se tivesse aprendido a calcular uma área, calculando o meu quarto, a minha sala de aula. Teria sido muito útil aprender a calcular juros compostos se tivesse sido provocada a guardar minhas moedinhas num banco (ainda que fosse um banco fictício da turma da escola).
Nesse sentido, acredito que a educação precisa mudar: o aluno precisa ter uma boa EXPERIÊNCIA DE ENSINO. Não simplesmente comparecer à aula ou ter aula em laboratórios, uma vez por mês, ou criar apenas para a feira de ciências.
Vida real, problemas reais, desafios e soluções reais!
O abismo que existe entre escolas pública e privada, e ainda entre as próprias privadas é absurdo. Isso me entristece porque percebo que as diferenças de classe social não têm o mínimo de chance de redução. Enquanto alguns aprendem as cores em inglês outros com 8 anos já mantém um diálogo natural nessa mesma língua. Alguns são incapazes de redigir uma redação e outros, na mesma idade, escrevem livros, participam de projetos do jornal da escola, apresentam teatros elaborados.
O desafio é gigantesco e me pergunto quem terá coragem de enfrentar o tema de forma abrangente e eficiente em curto prazo, posto que a cada geração que ingressa em escola, se perde a chance de formar cidadãos que saberão questionar e criticar o que ocorre na sociedade, que deixarão de criar soluções inovadoras e, ao fim e ao cabo, de contribuir para um mundo melhor.
Tenho sempre em mente e gostaria que tu, leitor, pudesses refletir também sobre o que dizia Darcy Ribeiro: “A crise na educação do Brasil, não é uma crise, é um projeto”.

Juliana Rebellatto Locatelli

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