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O jovem Soyed Belayet Hussain Juned, de 28 anos, que é muçulmano, contratado pela Central Islâmica de Alimentos Halal Ltda para realizar a função de ‘degolador islâmico’ em um frigorífico da cidade que comercializa o produto para os países islâmicos, procurou o Jornal O Garibaldense para denunciar que está sendo perseguido no trabalho. Segundo ele, o seu supervisor ordenou que ele tirasse a barba para trabalhar.
Soyed, que é de Bangladesh e reside desde 2014 em Garibaldi, se recusa a raspar a barba, como fizeram os demais trabalhadores, por seus princípios religiosos e por usar para trabalhos como modelo. Por esse motivo, desde o dia 19 de junho não está comparecendo ao trabalho, tanto que já recebeu um telegrama de advertência da empresa que o contratou.
“No meu contrato de trabalho não tem nada escrito sobre algo do meu corpo, como a barba, nada. Ele (o supervisor) não quer me deixar trabalhar com a barba, mas já expliquei que não vou tirar. Não querem me deixar trabalhar e não me demitem, isso é discriminação. Acredito que querem me demitir por justa causa”, alega Juned.
Ele diz, ainda, que já procurou advogado, a Câmara de Vereadores, representantes dos Direitos Humanos e registrou uma ocorrência na Delegacia de Polícia. “Ele diz que é uma regra do frigorífico, eu respeito as regras, mas não sou funcionário do frigorífico”, completa.
A reportagem entrou em contato com a Central Islâmica de Alimentos Halal Ltda, que enviou uma nota: “Esclarecemos que somos empresa de terceirização de mão de obra, devendo cumprir rigorosamente as normas das tomadoras de serviço, sendo que, no caso em discussão existe o Programa de Higiene Sanitária, em razão da manipulação de alimentos, que, proíbe expressamente, o uso pelos colaboradores de barba, bigode, piercing, anéis, correntes, entre outros, durante a jornada de trabalho. Por fim, esclarecemos que o colaborador em momento algum foi impedido de exercer as suas atividades”.
Halal - É a denominação dada a trabalhadores como Juned, que seguem os preceitos islâmicos, tanto na produção, quanto no abate. Em árabe, a palavra significa legal, permitido. E os muçulmanos só podem consumir alimentos que foram produzidos seguindo esse ritual islâmico.
São muçulmanos treinados para o abate de aves, os chamados sangradores, que trabalham em um ambiente escuro, para não agitar as aves. Os requisitos mais importantes são verificar e se certificar de que as aves estejam vivas, apresentando sinais vitais, e fazer a degola da forma que manda o Islã. Os sangradores também devem ser muçulmanos praticantes. Fazem a degola cortando as jugulares, as veias e artérias para o sangramento correto da ave. Outra exigência é que na hora da sangria, os frangos estejam com o peito virado à Meca, na Arábia Saudita, a cidade sagrada dos muçulmanos.