CARREGANDO

Busca

A arte de ser infeliz

Este texto é baseado no livro “A arte de ser infeliz” de Nélio Tombini, psiquiatra, escritor e palestrante. Esta obra de sua autoria define circunstâncias vividas pelo ser humano de maneira objetiva, clara e sem rodeios. Me fez pensar a respeito da conduta humana e por isso, quero compartilhar algumas ideias com vocês.
Primeiramente, estamos nesta vida por algum motivo. Você sabe qual é o seu? Quem é você? O que te define? Que atitudes você tem? De onde elas vêm? O que há por trás delas? Certamente, as emoções. Ah, as emoções! Tão primitivas, rudimentares, invisíveis, incapazes de serem tocadas, mas tão presentes nas nossas vidas. Dominantes, determinantes, onipresentes e inerentes ao nosso ser. Guiam nosso rumo, sem percebermos, na maioria das vezes. Comandam nossos pensamentos, sentimentos e ações. Somos um corpo físico biológico cheio de artimanhas para sobreviver em uma época onde as ameaças são tantas e tão diferentes daquelas enfrentadas por nossos ancestrais.
O desafio? O desafio é nos conectarmos com nossas emoções, nos tornarmos íntimos delas, decifrando-as. Cuidamos do nosso corpo, fazemos exercícios, escolhemos alimentos saudáveis. Mas, e a nossa mente? Em geral, nem sequer percebemos o que se passa nela e aí, caímos na automaticidade de uma vida monótona e infeliz.
O ser humano é campeão neste quesito: não cuida da sua mente, não percebe suas próprias emoções, vive uma vida sem propósito e sem sentido, seguindo o fluxo do vai-e-vem dos acontecimentos. Dia após dia, sem perceber, sem querer, sem saber, nos esforçamos na arte de ser infeliz. Isso está presente nas decisões que tomamos, nas coisas que dizemos às outras pessoas e à nós mesmos, no modo como nos sentimos e nos tratamos, na maneira como agimos.
Nossa mente foge, desvia a atenção, perde o foco com muita facilidade. Quando percebemos, estamos longe... longe de nós mesmos, longe das pessoas, longe do nosso propósito de viver. A má notícia é que os impulsos são parte da nossa condição humana e que eles estarão sempre presentes. A boa notícia é que podemos aprender a controlar nossos instintos. Como? Através do autoconhecimento. Ao desenvolvermos uma consciência a respeito de nós mesmos, possibilitamos a identificação de nossas percepções, do que nos “tira do eixo”, do que nos faz bem ou mal, do que não toleramos, de quais momentos agimos por impulso e de quando nos tornamos rudes, hostis e impacientes.
Na medida em que não nos conhecemos, entramos nas armadilhas, vamos complicando nossas vidas e a vida das outras pessoas, tornando tudo tão difícil. Algumas pessoas trilham caminhos perigosos, ambíguos e extenuantes. São os especialistas na arte de ser infeliz.
Portanto, para ser um especialista na saúde, no bem-estar e na felicidade, procure olhar para si como um indivíduo que sonha, almeja, erra, aprende e amadurece. Aprenda a perceber suas próprias emoções, reconheça-se, faça as pazes consigo mesmo, observe-se e entenda que há um lugar no mundo que é só seu, o seu lugar. “Onde você quer chegar? Ir alto? Sonhe alto. Queira o melhor do melhor. Se pensarmos pequeno coisas pequenas teremos. Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida. Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura”. (Carlos Drummond de Andrade).

Rosângela da Costa

Últimas colunas