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O porquê da liderança

Depois das pesquisas desta semana onde Lula, ainda candidato, lidera com 37% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais contra 20% de Bolsonaro, apesar de tantas acusações e estando preso sem poder fazer qualquer campanha, só um psicanalista para explicar o porquê dessa liderança de Luiz Inácio Lula da Silva. Uma evidência clara é que os eleitores de Lula não são só petistas convictos, no entanto, sem Lula, outro candidato do PT alcançaria apenas 4% dos votos válidos.

Então. Somos obrigados a voltar no tempo e lembrar o porquê do carisma desse cidadão, advindo de um sindicato, tenha se tornado tão sólido a ponto de que, mesmo preso, suplanta todos os demais candidatos, inclusive, interferindo sobre os votos brancos e nulos onde com ele concorrendo são 16% e sem ele concorrendo 29%.

Partimos dos governos de Fernando Henrique Cardoso. Nesse período a economia se recuperou financeiramente baseada na extinção de muitos bancos estatais e outros pequenos bancos que já eram deficitários que, com o auxílio do Banco Central e com incentivo aos grandes grupos financeiros, transferiu a esses e à população todos os pepinos de BNH, Habitasul e outros mais para a Caixa Federal. Junto com essas medidas também promoveu a privatização da CSN e da Belgo Mineira e de toda a malha ferroviária. Manteve taxas de juros altas impedindo assim que houvesse uma inflação por escassez de produtos. Simplificando, os sindicatos lutavam para que o salário mínimo atingisse 100 dólares mensais (R$ 400 hoje) sem conseguir. Então, não havia dinheiro nas mãos da população para gastar. O mercado estava feliz. Também não precisava investir em produção de bens.

Ao assumir o governo, Lula encontrou o dólar cotado a R$ 4 – como hoje – trabalhou para livrar o Brasil do FMI e fez, apesar de ter aumentado a dívida interna.

Começou a incentivar a indústria da construção civil e da construção naval gerando empregos novos e aumentando o salário mínimo que hoje, mesmo sem reajustes significativos nos últimos anos está o equivalente a 250 dólares. Ao mesmo tempo distribuiu receita em pequenos valores e de várias formas. O mercado entristeceu porque precisaria investir para poder atender a demanda criada por esse dinheiro. Porém, pequenos agricultores e população mais pobre tinham mais dinheiro e faziam a economia circular com baixa inflação. No governo Dilma, já sem apoio do Congresso, prejudicada pelos efeitos da recessão internacional houve a decisão de incentivar a indústria automobilística unicamente. Resultado: a população gastou além da conta e a inflação voltou a crescer.

O mercado, ao invés de investir aqui, debandou para a China que passou a exportar para o Brasil com preços mais em conta em produtos industrializados. Trocando principalmente por grãos produzida em alta escala aqui.

Então, como somos inteligentes e sabemos que os ricos no Brasil, que gostam de governos de direita, não passam de 10% dos eleitores, isto é: 3 milhões de eleitores, com seus candidatos Alckimin e Meirelles competirá com os mais pobres com mais de 80 milhões de eleitores de Marina, Ciro, Lula-Haddad. Os demais 40 milhões ficam divididos entre Bolsonaro e os demais candidatos. Por isso, lembrando do tempo bom que foi o governo Lula para eles a grande maioria votaria nele cegamente. Aí está o fenômeno a ser estudado.

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Renan Alberto Moroni

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