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A economia, Rui Barbosa e o jeitinho

Às vezes, planos falham. Mas porque as falhas acontecem? Muito simples, porque no planejamento inicial dificilmente é deixado espaço para os imprevistos, ou, falando mais simplesmente, quando planejamos algo esquecemos algumas coisas importantes que acabam aumentando os gastos.
Isso acontece quando vamos fazer uma obra qualquer. Confiamos no orçamento que o profissional nos dá e esquecemos que, no decorrer dessa obra, podem acontecer intempéries ou qualquer outro fator que nos obriga a gastar mais do que o orçado.
Então, o imponderável acontece de acordo com o provérbio iídiche: “o homem planeja e Deus ri”. Então enterram-se planejamentos e pesquisas. Na verdade, todos os caminhos desses planejamentos são mal iluminados.
No Rio Grande do Sul no ano de 2019 e continua em 2020 os planejamentos foram para o brejo porque apesar de saberem da importância da irrigação para nossas lavouras, os projetos não pareceram ser prioridades. Então, os imprevistos...
A estiagem do ano passado alterou toda a projeção de safra recorde prevista e a redução na colheita de grãos acabou com a projeção do faturamento de 42,72 bilhões de reais. Caiu para aproximadamente 31,75 bilhões, isso que muito do faturamento foi recuperado com a alta dos preços dos produtos no mercado internacional, porém, o Estado deverá deixar de arrecadar em cerca de 3,8 bilhões de reais em impostos.
O pior ainda, não é isto. Como no mercado internacional, aconteceu também aqui situação semelhante, hoje com menos agropecuários comercializados no mercado interno teremos menos produtos para industrializar o que representa também menos empregos.
Além disso, o número de brasileiros impedidos de buscar trabalho por problemas pessoais, principalmente por doenças, pulou de 3,3milhões em fevereiro para 4,7 milhões em abril; aumento de 45%. Fonte: IBRE/FGV. Somando-se isso a todos os que estão sem emprego no Brasil nos mostra que a verdadeira recuperação econômica do Brasil não será tão rápida assim. Não há onde buscar investimentos para gerar tantos empregos em curto prazo.
Esta situação está deixando empresários, governos e mesmo a população com alto grau de preocupação e o primeiro reflexo disso está na declaração do Ministério de Fazenda de que não poderá manter por mais tempo o abono emergencial de 600 reais mensais para os mais carentes por causa da baixa arrecadação que está havendo.
E, por falar em abono emergencial, sou obrigado a lembrar Rui Barbosa, nosso “águia de aia” falecido em 1923 que citou num dos seus prolongados discursos: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, (...) o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Foi mais ou menos o que senti ao ler nomes nas relações de beneficiados pelo abono que era para servir quem havia perdido seu trabalho e não por aproveitadores.
Mas, parece que o jeitinho brasileiro está aí para mostrar que nossa falta de seriedade teve origem com a chegada de Cabral e continua evoluindo a passos largos.
Bom, gente. Quem sabe se depois de algumas punições já comentadas tudo isso passe e possamos voltar a respirar ares mais puros.

Renan Alberto Moroni

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